Pesca ás Douradas na Ria de Aveiro, local de “Peregrinação” de milhares de Pescadores Lúdicos, nos meses de Junho a Outubro!!!
Com este texto irei procurar transmitir-vos da maneira mais resumida, após mts quilómetros efectuados, nestes últimos anos, em busca deste fantástico troféu, as dicas que considero na minha prespectiva, mais importantes para a pesca desta espécie, a qual para mim, é a mais espectacular, pela sua dificuldade de captura, beleza e valor gastronómico.
Como o meu conhecimento de “marcas dos materiais” que utilizo é praticamente nulo, não farei referências a nenhumas.
Materiais:
Canas entre os 4,5m e os 5mts de preferência semi-parabólicas, carretos de combate (surfcasting), linhas multifilamento nunca inferiores a 0,22 mono de boa qualidade e espessura nunca inferior a 0,35 (esqueçam os fluorcarbonos), anzóis de carbono de preferência formato chinu, (1/0 a 3/0).
Iscos:
Neste local específico, não considero a Dourada um peixe “esquisito”, por isso poderão utilizar variadissímos tipos de isco, desde os habituais anelídeos (Casulo, Tiagem, Bicha Branca, Fole, Coreana, Ganso, etc), até aos iscos “duros” (Caranguejo Mole, Caranguejo Pilado, Mexilhão, Navalha, Amêijoa, etc).
Alguns dos Locais de Pesca:
Molhe de São Jacinto:
Este é o local de mais fácil acesso e por isso o mais frequentado (ás vezes chegam a estar mais de 1000 canas), pois é feito a pé, logo ao alcance de todos; é neste cais que as nossas “amiguinhas”, com tamanhos a rondar os 20 cms e as 200/300 grs de peso, começam a dar sinal por volta do inicio de Junho (não quero com isto dizer que não possam aparecer mais cedo e noutros locais); aqui é possível pescar “mais fino”, devido ao facto do fundo ser pouco rochoso, utilizando-se de preferência chumbadas piramidais (120/150 grs), com tensos compridos, apostando-se em lançamentos longos (60/80 mts).
Na época alta (Agosto a Outubro), é possível capturarem-se esporádicamente exemplares de bom porte.
Molhe das Vacas:
Este local situa-se em frente ao de São Jacinto e o acesso só é possível de barco; aqui podemos pescar para o Lado Norte (com menor profundidade) ou para o Lado Sul (com mt maior profundidade, pois é um “braço” da ria, que dá acesso á Sacor, logo local de passagem de navios de grande calado); neste pesqueiro fui lá poucas vezes, sem grande sucesso, no entanto é um local a explorar em dias de “lotação esgotada”, pois normalmente tem menos gente e sei de relatos de boas pescarias.
Molhe da 3ª Idade ou Reformados:
O acesso a este molhe é feito preferêncialmente de barco, e é considerado pela maior parte de quem pesca na Ria de Aveiro, o local de eleição para a captura das chamadas “Burras”, atendendo ao facto dos maiores exemplares saírem aqui. Está no enfiamento do bico do Molhe de São Jacinto, mesmo em frente á Rede e ao Triângulo. Caracteriza-se por uma zona +/- rochosa, com bastante profundidade; atendendo a estes factores, aconselho que se pesque (grosso), pois nunca se sabe o que poderá nos calhar em sorte e apostar em lançamentos na casa dos 40 mts.
Triângulo:
O famoso! O tão falado! O meu local de eleição!
Situado no lado Sul da Ria, com acesso só de barco este pesqueiro é sem sombra de dúvidas o mais exigente de todos, quer em materiais a utilizar, quer na parte mental e fisíca do pescador, pela configuração dos seus fundos (rocha + rocha + rocha), e pela existência de redes enterradas próximas da margem, que originam um cem nº de prisões, com ou sem peixe, no momento de recolher; recomendo quando a opção for este local, que levem chumbo qb, pesado e light (para ser utilizado consoante o estado da maré), linhas 0/grosso e não tenham problemas em utilizar no tenso, acabamento em cabo de aço!
Das muitas incursões que fiz a este local, considero-o o meu preferido porque sou amante de pouco mas bom, querendo com isto dizer que normalmente as capturas desta espécie são todas de “alto quilate” e como sou uma pessoa que gosta de desafios, vingar um peixe valente neste pesqueiro é uma satisfação a dobrar.
Quando devemos colocar as canas a pescar?
Atendendo ao facto de estarmos a falar de uma Ria, com correntes fortes tanto na baixa-mar, como na praia-mar, a melhor altura para se pescar é nas repontas das mesmas e nas duas primeiras horas de cada uma delas; esta recomendação não é “mandatória”, até porque como sabem em tudo á excepções á regra; por exemplo na 3ª Idade e mesmo no Triângulo, nas marés de Quarto, pesca-se tranquilamente com a maré a encher e é normalmente neste período que somos bafejados pelos maiores exemplares.
O que fazer com o peixe ferrado?
Ora ai está: O Momento da Verdade, em que teremos que lutar com toda a n/mestria com esta nobre espécie, que nunca se dá por vencida; para mim devido á extrema dificuldade destas capturas cada Dourada que pescamos é “Ouro”!
Existe uma expressão que para mim define o sucesso ou o incussesso que é: “DEIXA BATER”, e isto quer dizer o quê? Que nunca, mas nunca, deveremos contrariar o peixe; ele afunda, nós afundamos com ele, afunda vezes sem conta enquanto tiver forças e nós acompanhamos as vezes que forem necessárias; acreditem que é verdade, em anos anteriores os incussessos eram em catadupa, por querer “rebocar” Douradas na Ria de Aveiro, nada de mais de errado.
As Douradas para mim, são como as N/mulheres, querem é “mimo, muito mimo”!
Espero ter contribuído com estas minhas desinteressadas palavras, para que tenham inúmeras jornadas de sucesso, nesta Mitíca Ria de Aveiro.
miguel moreira